O Artéria aproveitou o fim-de-semana em que quase todos os olhos estavam postos no Estádio Nacional e promoveu uma visita guiada pelo Vale do Jamor. Um verdadeiro tesouro de biodiversidade à disposição dos habitantes de Oeiras e da Grande Lisboa.
Não é preciso a final da Taça de Portugal para que o Complexo do Jamor se encha de gente, tantos são os desportistas que ali se deslocam diariamente, seduzidos pelo espaço e pelas infra-estruturas é, contudo, difícil imaginar a biodiversidade existente nestes quase 200 hectares. Desde logo, as diferentes espécies de aves.
E não há melhor forma do que fazer uma visita guiada com alguém especializado, neste caso Ricardo Tomé — licenciado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e doutoramento em Ecologia na Universidade de Turku (Finlândia).
Com a ajuda de binóculos e um telescópio, este especialista em Ornitologia ajudou os 25 participantes a identificar algumas das 120 espécies existentes no Vale. Os guias foram também um excelente auxílio, não fosse Ricardo um adepto do papel em detrimento das bem mais imediatas aplicações. “Observar exige alguma atenção e esforço”, diz. “Procurá-las, identificá-las, faz parte da magia”.
Pato, melro, rola brava, andorilhão, chapim, trepadeira, chamariz, mainá, garça branca ou galinha-de-água foram algumas das espécies observadas. Espécies de aves e não pássaros, nunca é demais esclarecer. “Falo sempre em aves e não em pássaros. Os pássaros são um grupo dentro das aves”.
Visitar o Vale do Jamor é, ainda assim, muito mais do que olhar para as árvores ou para o céu. Mesmo numa visita onde o foco foram as aves, é impossível ficar indiferente à diversidade de insectos e plantas, sobretudo quando o nosso olhar é direcionado por alguém como Sara Almeida — licenciada em Biologia pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA), técnica da Divisão de Gestão Ambiental, e responsável pela elaboração e implementação da Estratégia para a Biodiversidade do município de Oeiras.
Joaninhas, borboletas, gafanhotos, nada parecia escapar à sua ‘lente’ e à sua rede. A bióloga reafirma o quão importante é preservar e conhecer estes habitats, tendo por isso o município lançado o “Guia de Campo de Insetos e Plantas de Oeiras” de forma a sensibilizar os cidadãos — disponibilizado de forma gratuita em versão online ou papel.
Com tanta vida e motivos de interesse, fica a vontade (e a promessa) de uma nova visita!
