Os jardins de Lisboa (Portfólio)

Autor

Carlos Reis
31 de Maio, 2023
Carlos Reis, amante de Lisboa e de fotografia, foi ao baú buscar mais uma série de imagens para oferecer aos leitores e leitoras do Artéria. Desta feita, 'sobre' os jardins da cidade.
Jardim do Príncipe Real

Os jardins são um pequeno, vegetal, colorido e florido mundo à parte da cidade. 

Embora estejam nos mapas de Lisboa, pertencem a uma outra dimensão. Uma outra paisagem, um outro espaço, um mundo paralelo – quase ficção científica.

Não são muito grandes os jardins da nossa capital. Constituem espaços normal e vulgarmente cobiçados por uma tríade cúmplice de sinistros e obcecados construtores civis/câmara/governos (a ordem dos factores é arbitrária) cujas motivações, embora naturalmente alheadas da opinião pública, são evidentes numa sociedade governada por poderes essencialmente mercantilistas.

Os jardins não dão lucro – pelo contrário, aquilo é só despesa e para essas entidades, são certamente de uma desnecessidade absoluta.

Posto este ponto de vista, regressemos aos jardins, seus frequentadores e prazeres, usos e costumes.

Nos jardins – e quanto maior for a sua extensão, melhor – a poluição sonora da urbe dilui-se. Lembro-me de jardins londrinos (chamemos-lhes parques) em que, de tão grandes que são, as pessoas perdem a noção da distância e da existência da cidade, afundando-se, felizes no silêncio e numa espécie de Natureza pensada e arquitectada.

Os jardins de Lisboa, sendo quase todos razoavelmente pequenos e embora raramente perdendo-se de vista (e de ouvido) da cidade, são bonitos. São acolhedores.

Acolhem crianças, que se sentem rapidamente felizes e integradas, bem como os seus pais – felizes pela sua felicidade e felizes pela ausência de perigos do violento e perigoso trânsito citadino. Acolhem namorados românticos, quer não carecem de lugares fechados com pipocas, hamburgers e música aos berros. Acolhem amigos, que gostam de conversar em sossego, rodeados de silêncio e cor. Acolhem ainda silenciosas e solitárias velhices, que os contemplam, aos jardins, com uma quietude e um olhar sem olhar, que por vezes se lhes confunde…

Acolhem por vezes, também e por fim, ‘fotografadores’ que por eles passam e lhes tentam fixar as intimidades.

ARTÉRIA

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