No ano em que se assinalam os 25 anos da Expo’98, o Artéria promoveu mais um passeio guiado no recinto da Exposição Internacional de Lisboa. A arquitecta paisagista Cristina Castel-Branco ajudou-nos a perceber o Jardim Garcia de Orta – e a compreender o tesouro que a cidade tem à sua disposição.
Os Jardins Garcia de Orta são a face ribeirinha de boa parte do Parque das Nações – uma faixa de 570 metros de comprimento por 30 de largura que acompanha toda a frente de restaurantes que se estende entre a FIL e a Torre Vasco da Gama. E que dá às esplanadas um canapé de verde, enquadrado a espaços com o azul do Tejo logo adiante.
Isto para dizer: estão à vista de todos. No entanto, é fácil não lhes dar a atenção devida. Por esse motivo, o décimo passeio promovido pelo Artéria para tomar o pulso a Lisboa teve como cenário o cordão de jardins nascido para representar “a viagem das plantas nos oceanos” na Expo’98. A descrição é de Cristina Castel-Branco, arquitecta paisagista, investigadora, membro do Comité Científico Internacional de Paisagens Culturais do ICOMOS e directora do projecto de criação dos Jardins Garcia de Orta – e foi ela que guiou esta visita comentada a uma das grandes heranças da Exposição Internacional de Lisboa.
A questão das alterações climáticas foi várias vezes chamada à conversa, afinal trata-se de jardins de espécies subtropicais – representativos das latitudes que fizeram parte da expansão marítima portuguesa – e, nota Cristina Castel-Branco, a título de exemplo, “no Jardim de África, sobreviveram 85% das árvores”. A constatação daquilo de que a arquitecta paisagista já desconfiava em meados dos anos 1990, no início do projecto: “Estamos num clima subtropical.”
Curiosamente, entre tantas espécies exóticas que vingaram, há uma notável história de fracasso com uma espécie bem implementada no território nacional: as laranjeiras, plantadas no Jardim de Goa. “Talvez porque, debaixo da terra, há aterro e não solo”, comenta Cristina Castel-Branco.
A visita aos Jardins Garcia de Orta pode ser tão esclarecedora pelo que ali sobreviveu como por aquilo que deixou de ali estar – por falta de adaptação, de manutenção, de conhecimento (ou por roubo, como aconteceu aos piri-piris do Jardim de São Tomé e Brasil). E a narração da arquitecta paisagista, sem nuvem de dúvida, tornou esta visita memorável para a dezena e meia de participantes que responderam ao apelo do Artéria.
Para quem não pôde participar, haverá sempre um próximo passeio. Até breve!
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