Foi num dia em Milão, há muitos anos, algures no Verão. Eu e o meu irmão – há anos refugiado político e fugido da guerra das colónias – passeávamos por aquela “sua” cidade de momento, quando ele me confidenciou, com alguma nostalgia:
“– Vês o céu azul de Milão, neste dia calmo de Verão, sem nuvens? É azul. Mas não é o azul de Lisboa. A poluição – já a havia, nesse tempo – desta cidade não o permite. O céu da nossa Lisboa tem uma transparência e uma textura únicas”.
É verdade. Talvez até o Tejo seja co-responsável por esse efeito cénico, por essas cores únicas ao longo do dia, quem sabe. Foi, de certo modo, ao abrigo daquela conversa que comecei a reparar e a tentar fotografar o infotografável.
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